terça-feira, 16 de junho de 2015

Vinte anos depois, eis a Dobradinha!!!

A temporada 2014/2015 nem começou da melhor forma para a equipa de Hóquei em Patins do SL Benfica. A derrota dolorosa diante do Valongo, na Supertaça, trouxe alguns "fantasmas" do passado e dúvidas sobre a valia de um plantel que era considerado, em tese, o melhor de Portugal. No entanto, a secção encarnada percebeu e assumiu os erros cometidos naquela partida e manteve um único pensamento na sua mente: a vitória no Campeonato. 

Em relação ao grande objectivo da época - o nacional da 1ª Divisão -, os comandados de Pedro Nunes entraram a vencer no derby diante do Sporting. Não fizeram uma grande exibição, mas o mais importante foi conseguido - a conquista dos três pontos. O genial Carlos Nicolia começou logo aí a mostrar toda a sua qualidade e a fazer a diferença que todos os benfiquistas esperavam. Seguiram-se triunfos expectáveis frente a equipas do meio/fim da tabela classificativa. Na quarta jornada, teve lugar uma deslocação até Barcelos para enfrentar um Óquei local muito aguerrido, que a jogar no seu pavilhão era um adversário ainda mais complicado. Surgiu o primeiro percalço - que viria a ser o único - ilustrado num empate aquando do apito final, o qual se justifica com muitas falhas de concentração dos encarnados, indissociáveis dos muitos problemas verificados fora do ringue. 
A partir desse momento, o Benfica entrou numa sucessão de vitórias até à última ronda do Campeonato. Fomos ao sempre complicado terreno da Juventude de Viana arrancar uma vitória muito sofrida e, na jornada seguinte, mostramos porque éramos a melhor equipa nacional ao infligirmos uma humilhante derrota ao nosso principal rival, em pleno Dragão Caixa, por 3-7. Nesta fase, a luta era só a dois, pois a Oliveirense enfrentou muitas convulsões internas e Vítor Fortunato acabou despedido. 
Depois desse brilhante triunfo diante do FC Porto, acabamos por golear (10-0) o campeão nacional 2013-2014, a AD Valongo. Estávamos num grande momento de forma!
Já no início da segunda volta, nova goleada, desta feita na casa alugada do Sporting, por sete bolas a zero. Uma enorme superioridade demonstrada pelas águias. Tivemos muitas dificuldades em bater o OC Barcelos na Luz, mas surgiu novamente Nicolia para resolver as contas a nosso favor. 
Naquela que era a deslocação mais complicada da fase final da temporada, os encarnados superaram uma Oliveirense no seu melhor momento da época - vitória por 5-8 - num embate impróprio para cardíacos. Ali senti que tínhamos dado o passo necessário em direcção ao ceptro nacional. 
Entretanto, o FC Porto não perdia pontos e seria o Clássico a definir o vencedor do título nacional. O SL Benfica tinha mais três pontos que o seu grande rival, quando faltavam três jornadas para o fim. Com um Pavilhão Fidelidade a rebentar pelas costuras (que bonito foi voltar a sentir a aproximação dos nossos adeptos à modalidade!), as águias deram uma recital de hóquei ao superarem os portistas, de forma inapelável, por 5-1. O Campeão Voltou! Um Campeão invicto (25 vitórias e 1 empate), com o melhor ataque (175 golos) e a melhor defesa (55 golos). Limpinho!

Na Taça de Portugal o objectivo passava pela revalidação do troféu. Derrubamos emblemas de divisões inferiores sem grande dificuldade até à "final four" da prova. Aí, mais uma vez, tivemos pela frente um OC Barcelos muito "chato" que nos complicou - e muito! - a tarefa. Ainda assim acabamos por vencer aquele opositor por uns sofridos 3-2. Para a decisão da "prova-rainha" estava marcado um derby. Diante de um conjunto onde Girão é mais de meia equipa, o SL Benfica impôs toda a sua qualidade, vencendo com toda a naturalidade um Sporting chorão e sem respeito pelo adversário. Estava conquistada a "dobradinha", 20 anos depois. Histórico! 

A Liga Europeia é o sonho de todos os Benfiquistas nesta modalidade. Sabemos que estamos entre as cinco melhores equipas do continente europeu. Como tal, a meta a alcançar nesta prova passava por chegar à fase final da competição. Passamos com naturalidade a fase de grupos no segundo lugar, atrás do super FC Barcelona. Nos quartos-de-final, a duas mãos, tínhamos pela frente o FC Porto. A primeira mão realizou-se na Luz. Tivemos o "pássaro na mão" (3-1) e deixámo-lo fugir nos instantes finais (3-3). Aquele golo portista a poucos segundos do apito final acabou por decidir a eliminatória. Fomos ao Dragão Caixa sem qualquer receio. Nesse recinto, Hélder Nunes decidiu a contenda na bola parada. O pouco tempo de utilização de Nicolia (lesão na cabeça) foi importante para o desfecho do encontro a favor do conjunto azul e branco (3-2). Fica um sentimento de desilusão, pois sentimos que éramos melhores e devíamos estar na luta pelo troféu. O FC Barcelona acabou por provar todo o seu favoritismo e venceu novamente esta competição. É, de facto, a melhor equipa do Mundo. Nós estamos cada vez mais perto do seu nível. 

Uma palavra para o técnico Pedro Nunes. Em dois anos conquistou um Campeonato Nacional, duas Taças de Portugal, uma Taça Continental e uma Taça Intercontinental. Recuperámos a liderança nacional da modalidade. Mas o mais difícil não é lá chegar, é continuar no topo. Bem sei que tem às suas ordens um conjunto de jogadores de muita qualidade, mas o seu mérito não é questionável. A sua exigência é enorme, "à Benfica". Os atletas acreditam naquilo que ele diz e a equipa pratica um hóquei de grande qualidade, com muita intensidade e velocidade. 

Trabal foi fundamental para o sucesso encarnado, revelando-se um "muro" na baliza. O futuro das nossas redes está bem entregue ao jovem Pedro Henriques. 
A capitanear este plantel está o senhor Valter Neves. Um líder. O "senhor Shéu" dos pavilhões. O equilíbrio e a consistência de toda a equipa. No sector defensivo tivemos um Diogo Rafael com características únicas em Portugal. Com uma mudança de velocidade única, uma técnica fantástica, capaz de desequilibrar qualquer adversário. Necessita apenas de ter maior controlo na sua forma de jogar. Perceber o que fazer em todos os momentos do jogo. O argentino Tuco acabou por se revelar decisivo no embate do título, mas esteve aquém das expectativas. Por outro lado, Tiago Rafael cumpriu aquilo que lhe era pedido. Seguro no processo defensivo. É também com este tipo de jogadores que se fazem plantéis de campeões. 
No ataque, Carlos Nicolia acabou por ser decisivo. Vale o bilhete. A forma como desequilibra os adversários, como assiste os companheiros, como faz magia sobre patins é genial! A seu lado, o também internacional argentino Carlos López, com toda a sua experiência e classe, foi uma peça chave na caminhada do título. Muito Obrigado! Já o jovem Miguel Rocha teve pouco tempo de utilização. Tem que entender que está no Benfica onde a exigência é máxima e não se coaduna com intensidade baixa. Para o fim, o melhor marcador da equipa João Rodrigues. O "Inzaghi" dos Patins. Um matador! 


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